Palmeira dos Índios – O vereador Lúcio Carlos Medeiros voltou a endurecer o discurso contra a forma como vem sendo conduzido o processo de demarcação das terras Xucuru-Kariri. As declarações foram dadas no programa A Notícia, apresentado pelo radialista Cláudio André e retransmitido pela Cacique FM, onde o parlamentar rebateu diretamente a fala do deputado federal Paulão (PT-AL), que pediu celeridade na homologação.

“Fiquei demasiadamente triste com a controvérsia entre o discurso e as atitudes do deputado Paulão. Ele pediu celeridade para um tema em que desconhece uma das partes. Se ele conhecesse um agricultor que planta, colhe, gera emprego e abastece as casas de Palmeira, não teria feito aquele discurso”, afirmou Medeiros.

O vereador destacou que a disputa não é um “pequeno conflito”, como classificou o deputado, mas um litígio que ameaça 3.500 famílias, o que pode atingir entre 10 e 14 mil pessoas. “Não é pouca coisa desapropriar um terço das terras produtivas de uma cidade inteira. Isso não pode ser tratado como detalhe”, reforçou.

Durante a entrevista, Lúcio Medeiros explicou que a Funai já avançou em quatro das seis fases do processo de demarcação e atualmente realiza visitas em propriedades para avaliar benfeitorias, etapa que antecede a homologação presidencial. Para ele, a fundação age de forma precipitada: “Enquanto não houver homologação, a Funai não deveria estar nas propriedades privadas, pressionando e atormentando famílias que ali vivem há décadas”.

Medeiros também reafirmou um convite direto ao deputado Paulão: “Reafirmo aqui meu convite para que ele venha conhecer nossa zona produtiva, nossa região serrana. Uma terra rica, mas não de quem olha de cima. Rica de pessoas de bem, que vivem e produzem há mais de cem anos”.

Parte interessada no litígio — já que seu pai é ocupante de terras em disputa —, o vereador organiza para esta quinta-feira (2), às 14h, no Clube Campestre (antigo Clube dos Médicos), uma audiência pública que deve reunir agricultores e moradores. “Estamos somando esforços para evitar que as próximas fases da demarcação avancem sem debate. É importante a participação de todos”, concluiu.