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Parte do acervo da Casa de Graciliano Ramos é destruído em meio a obra que não tem fim

Um crime contra o patrimônio público cultural brasileiro foi cometido em Palmeira dos Índios na Casa do escritor Graciliano Ramos e tem as digitais de seu autor descobertas: o prefeito Julio Cezar da Silva.

Sob o pretexto de uma reforma que nunca tem fim, a Casa de Graciliano Ramos fechada em agosto de 2017 para ser restaurada, até hoje – passado mais de 5 anos encontra-se fechada e nenhum visitante pôde adentrar em suas dependências desde então.

A preocupação de historiadores e cultuadores da memória do Mestre Graça em preservar o antigo acervo da Casa Museu do escritor quebrangulense e que prefeito de Palmeira dos Índios não era em vão.

Parte do acervo da Casa de Graciliano foi destruído ou pereceu diante das traças e do abandono.

A reportagem da Tribuna do Sertão tentou inúmeras vezes durante os cinco últimos anos adentrar no imóvel tombado pelo IPHAN para verificar em que condições encontrava-se o acervo do Museu, mas nunca conseguiu o acesso, pois havia uma proibição expressa da gestão do Município em não permitir a entrada de terceiros na “obra” que nunca teve continuidade.

Dois parlamentares destinaram emendas para a Casa de Graciliano Ramos, na ordem cada um de R$500 mil. O ex-senador Fernando Collor foi um dos que acusou em entrevista de rádio, o recebimento da verba pelo Município, porém a obra não saíra do papel.

Pior: o acervo da Casa de Graciliano que deveria estar acondicionado em local apropriado para sua preservação praticamente foi destruído como revela as fotografias desta matéria, fornecidas por um denunciante à redação, que indignado resolveu revelar o crime de Julio Cezar contra a cultura do povo palmeirense e que merece a reprimenda exemplar das autoridades públicas.

Peças e pertences que eram de propriedade do romancista Graciliano Ramos correm o risco de virar lixo. Traças, cupins e baratas estão se acumulando entre os bens do escritor, que deveriam estar cuidadosamente guardados na Casa Museu, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sob o processo de nº 713.T.1963. Todo esse material histórico encontra-se largado por trás do auditório da Casa Museu, sob a responsabilidade da Secretaria de Cultura do município. O museu está localizado na Rua José Pinto de Barros, nº 90 no Centro de Palmeira dos Índios. Anotações que, nas mãos de Graciliano, se transformariam em livros e relíquias conhecidas mundialmente estão se deteriorando.

O ano do tombamento é de 1965, e, segundo, o próprio Iphan, trata-se de “Casa térrea urbana, erguida no primeiro quartel do século XX, onde residiu o escritor Graciliano Ramos. Abriga um museu e uma biblioteca com o acervo do antigo proprietário”.

No ano de 1965, a casa passou por um processo de municipalização passando a ser de propriedade da Prefeitura e onde está instalada a Casa Museu Graciliano Ramos.

No ano de 2017, ocorreu uma licitação para a restauração da casa e modernização da estrutura do museu. Recursos foram liberados, de imediato, sendo metade da verba proveniente do IPHAN e a outra metade da Prefeitura Municipal. Mais recursos foram liberados no decorrer da gestão de Julio Cezar.

A Casa Museu foi fundada em 1973 e possui um acervo com fotos, algumas obras originais, documentos, máquina de escrever e objetos pessoais do escritor. Na casa, também se encontra um centro cultural com salas e auditório.

Com o passar dos anos, as obras não foram concluídas e o imóvel se encontra em abandono e, muitas vezes, até mesmo invadido por moradores de rua. E o pior: os pertences do mestre Graça estão sendo destruídos por traças e cupins.

Antes de se tornar esse verdadeiro descaso, a Casa servia como atração turística e recebia visitantes de todo o País, além dos próprios moradores de Palmeira dos Índios.

Desde o ano passado, o defensor Público do município, Fábio Ricardo Albuquerque, vem cobrando uma ação por parte da Prefeitura sobre a reforma. Ele reafirma, agora, que irá novamente solicitar às autoridades municipais a manutenção do acervo do escritor, para evitar que caia no esquecimento e vire uma ruína. E, também, a conclusão da obra física. ‘Iremos enviar um ofício, ou vou procurar pessoalmente, os responsáveis por aquele patrimônio, agora com maior rapidez, ao tomar conhecimento que o material histórico está deteriorado”, garantiu.

Fundada em 5 de outubro de 1973, a Casa Museu Graciliano Ramos foi a morada do escritor durante anos e onde ele começou a escrever grande parte de suas obras. A primeira dela foi Caetés, que tem como cenário as ruas da cidade de Palmeiras dos Índios, que hoje está tomada pela memória do escritor.

No local, podia-se conhecer de perto a importância de Graciliano para a cultura brasileira. O acervo é composto por fotos pessoais, originais de algumas obras, roupas, documentos, máquina de escrever, objetos utilizados no filme Vidas Secas, o manuscrito da carta que o romancista enviaria a Getúlio Vargas após ser preso por razões políticas, em 1937, entre outras coisas.

Um destaque interessante na vida de Graciliano é o fato de ele ter sido prefeito da cidade de Palmeira e chamar a atenção pelos relatórios administrativos que fazia. A linguagem e a escrita tinham um tom literário, o que impulsionou a publicação do seu primeiro romance, Caetés.

Pelo seu valor histórico e cultural, a Casa Museu Graciliano Ramos foi elevada ao nível de monumento nacional.

Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu na cidade de Quebrangulo, foi romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista. É autor de livros clássicos como Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere. Os três foram adaptados para o cinema, e diversas obras de Graciliano foram traduzidas para outras línguas. Seus livros, embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro, apresentam uma visão crítica das relações humanas, que os tornaram de interesse universal.

Graciliano Ramos morreu em 20 de março de 1953, escreveu vários romances e está entre os grandes da literatura mundial de todos os tempos.

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